Nós

Christine Rutherford
06/6/2025

Como bons taurinos que somos, Alexandre e eu sempre gostamos de comida. Comida boa, saborosa. E não precisa ser refinada, mas o sabor… Esse sim é realmente importante. Ao longo dos nossos quase 21 anos juntos, esse gosto pela comida foi se aprimorando e amadurecendo junto com a gente. Com o tempo, cozinhar passou a ser um hábito que reúne e traz alegria.Rapidamente a Carolina, nossa filha e também taurina, (sim somos três em casa!) também tomou gosto por esse hábito e desde pequena é daquelas que se abre pra experimentar os mais diversos pratos e se orgulha disso: “prato infantil não tem a menor graça, né mãe!”. Hoje, “adolescendo”, por vezes participa só do comer mesmo, porque “preciso terminar essa conversa aqui, mãe”.Claro que não é sempre uma delícia. Cozinhar no “todo dia” não é exatamente uma tarefa apenas prazerosa. Dá trabalho! Tem aqueles dias em que a gente chega em casa cansado e a vontade é de não fazer nada, mas de alguma forma, mesmo nesses dias o cozinhar acaba sendo momento de pausa, de cuidado com a gente mesmo. É um trabalho que mostra a sua recompensa rapidamente, no momento em que sentamos juntos pra comer, compartilhar as experiências do dia, ou simplesmente jogar conversa fora.Nesse último ano, o tão falado 2020, descobrimos com ainda mais força a potência que o cozinhar juntos ou em revezamento tem. Em meio ao caos, ao estresse profundo com ambos trabalhando em UTI, em meio ao medo e incertezas, nos unimos mais e quase sempre em volta da mesa.A comida era, e segue sendo, o momento de estarmos juntos. Conectados. Cuidando um do outro e nos cuidando como família. Fazer pratos saborosos no final de semana passou a ser uma rotina gostosa. Cada vez uma comidinha diferente, receitas novas ou antigas que amamos. Acho que a comida tem esse poder, né? Reunir e levar a gente pra outro lugar. Um lugar de alegria, de compartilhar, de estar junto. O cheirinho vai aumentando na cozinha e se espalhando pela casa. A curiosidade do “será que essa receita vai funcionar?”. A música que toca no som da sala preenchendo todo o espaço e as conversas na cozinha enquanto a comida vai tomando forma.Acredito que a comida pode traçar um paralelo da vida à dois. Pra funcionar precisa dedicar tempo, ter paciência e sensibilidade. Precisa também amor, dedicação e estar atento pra não deixar passar do ponto ou encerrar sem estar pronto. Com a gente acho que é bem assim. Já passamos por altos e baixos, crises e desafios. Mas assim como a comida, conforme a gente vai amadurecendo, vai percebendo que não tem receita engessada. A criatividade para as adaptações e para descobrir novas formas é a parte divertida da história. E assim seguimos, construindo nossa história e nosso “livro de receitas” que vai sempre recebendo novas pitadas.

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