Difícil traduzir em palavras o que essa imagem carrega de sentido, mas ao mesmo tempo, é através das palavras que consigo colocar em ordem aquilo que me atravessa. Eternizar o momento através da imagem e permitir que as palavras transbordem, assim como o sentimento que toma conta sempre que me deparo com esse momento, que parece ter sido ontem…Falar do meu avô, é falar do que pra mim é a tradução do amor. É falar de encontros verdadeiros e de abraços que afastam qualquer problema, real ou imaginário. É falar de sorrisos e gargalhadas daquelas que tiram o fôlego e fazem os olhos lacrimejar. É falar das conversas sem fim, que nunca cansam ou perdem o ritmo. É falar de segurança e confiança, e daquele olhar que sem dizer uma palavra já diz tudo o que precisa. É também falar de saudade…uma saudade que por vezes aperta tanto que faz doer… Mas é também falar de memórias, que habitam em mim com tanta força e presença, que quando me volto pra elas já o sinto aqui do lado, aqui dentro, pra sempre comigo.Ao me deparar com essa imagem, que resume tão perfeitamente o que valorizo como mais precioso, consigo pegar o amor nas mãos, sabe? Dá pra sentir concretamente. É palpável. Carolina, há poucos dias neste mundo e já sendo o maior amor da minha vida, e ele, meu avô, com ela nos braços e aquele olhar pra mim tão conhecido. Transbordando o amor que agora chega até ela, não mais apenas através de mim.Saber que foi possível pra ela sentir essa presença, traz uma sensação de que uma parte dos ensinamentos desse caminho ela já recebeu. Esse caminho em que aprender sobre amor pode acontecer apenas pela experiência. Porque amor a gente aprende assim, no olhar, no abraço, no aconchego, no porto seguro. A gente sente, sem precisar dizer ou ouvir muita coisa. Mas percebe a presença do amor, e ele está ali registrado naquela imagem.Quando olho pra essa fotografia, meu coração imediatamente se enche de alegria e é como ser transportada por uma máquina do tempo que faz tudo voltar e, de repente, estou vivendo aquela cena. Sinto os cheiros, ouço os sons, mas principalmente sinto a presença e tenho de novo aquele olhar doce, vindo daqueles lindos olhos azuis que me olharam por tantas e tantas vezes com toda aquela doçura. Ah, que saudade…Já se passaram 10 anos desde que ele partiu desse mundo, e lá se vão 12 anos desde quando essa fotografia foi tirada…mas parece que foi ontem, tão viva é a memória! Acredito que essas lembranças que a gente guarda com muito afeto não se apagam e nem ficam amareladas com o tempo. Pra essas memórias, é como se o tempo simplesmente não passasse e em 1 segundo estou de volta 12 anos atrás, abrindo a porta de casa pra que ele viesse conhecer sua primeira bisneta, cheio de orgulho e emoção. Segurando-a no colo como quem segura seu bem mais valioso, e registrando atentamente cada pedacinho daquele bebê ainda tão pequeno.Hoje não tem mais bebê pequeno, mas uma linda mocinha que mesmo tendo convivido com meu avô por apenas 2 anos da sua vida, consegue lembrar dele vividamente! Essa é a força dessas memórias que a gente registra não apenas na fotografia, mas também na alma. O tempo passa, mas elas permanecem vivas, intactas e guardadas de forma que basta um piscar de olhos pra gente estar de volta naquele espaço-tempo que não morre nunca.
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